sábado, 15 de outubro de 2011

O garoto do sorriso encantador.

Era tão natural quanto o dia amanhecendo em um verão iluminado, ele havia entrado em minha vida tão naturalmente, tão calmamente e nada mudara. Por um tempo era comum tê-lo em minha frente, meus olhos o seguiam por onde passava, seu perfume inebriante exalava, penetrava por minhas narinas e passeava por meu corpo causando leves sensações.

Toda a vez que nossos olhos se encontravam não era preciso palavras, sabíamos exatamente o que pensávamos, o que desejávamos naquele momento e tudo que conseguíamos fazer era sorrir, aquele olhar traiçoeiro como um lobo olhando sua presa, algo nele me fazia estremecer.

Em um belo dia acabei descobrindo que aquele garoto, o garoto do sorriso mais bonito havia mudado algo em mim, tocara algo e despertou o que há tempos não despertava, então tudo havia saído do controle, da cabeça ele tinha passado para o coração, do coração para as veias, das veias para o sangue e do sangue para o corpo inteiro.

Não iria adiantar fugir, ele sempre estaria ali, e o que sinto por ele pulsaria sempre junto com meu coração e passearia pelo meu corpo com meu sangue.

Ele havia me avisado, ele continuava ali, rápido e traiçoeiro como sempre e eu estava perdidamente apaixonadas por aqueles olhos, por aquele sorriso encantador. Algo me dizia que seria difícil reverter aquela situação, embora fosse o meu mais forte desejo, tirá-lo de dentro de mim.

Pobre menina, se sentia tão estranha que teve de ir ao médico

— Olá Doutor, acho que estou com problemas... ­— Estremeceu — Sérios problemas!

— Ora menina, que problemas uma moça tão jovem pode ter?

— Não sei doutor, quando ele se aproxima de mim minhas mãos começam a suar, minhas pernas tremem, meu estômago esfria como um congelador, meus olhos ardem e meu coração fica lento e acelerado mesmo tempo, ás vezes meu corpo até dói — Pausou por breves segundos— será que estou com algum problema de coração? Será que estou tendo ameaças de enfarto? Ou será algo com meu estômago?

— Não creio que seja isso, menina.

— Ah doutor, é necessário que eu faça exames pra descobrir o que tenho? Pensas que és grave?

— Não menina, não é preciso exames. — Doutor sorri por instante e balança a cabeça negativamente — Mas creio que podes ser grave sim, podes até contagiar tua alma, te deixar sem dormir e lhe machucar o coração.

— Oh céus, é tão grave assim? Que doença é essa?

— Você está com sintomas de uma doença que costumam chamar de amor, menina.